segunda-feira, janeiro 31, 2005

Consome-me...



Consome-me... Possui-me quando eu menos esperar, para a surpresa se gravar nas linhas da minha mão. E faz-me rodopiar nos meus sentidos enquanto te saboreio pedaço a pedaço.

Consome-me!!! Como se fosses água e eu fogo, apaga em mim o desejo do juízo final, do pecado e do proibido. Telepaticamente, envia-me para o Jardim do Éden, onde pecaram os mais puros. Porque sou pura e tu também o és. Puros de desejo.

Consome-me. Para eu deixar cair o pano que ainda tapa o meu ser e voltar a sentir a alegria de ser desejada. Para amanhã não me lembrar e hoje não pensar. Para libertar as minhas pulsões enquanto te vejo libertares as perversões.

Consome-me enquanto somos carnais.

domingo, janeiro 23, 2005

Embriaguês

Caminho embriagada pela areia escura do Vazio...não vejo, não oiço, não toco...a gravidade do oco não me deixa sequer mexer; mas caminho. Sempre em direcção ao Nada...porque o Não satisfaz mais que o Sim. Porque não estou nem sequer Sou.
E continuo a caminhar, bêbada!, pela areia escura do Vazio...



P.S. Só porque este sítio faz Um Ano e eu queria agradecer a presença de todos aqueles que ainda me conseguem ler!...
Parabéns!

terça-feira, janeiro 11, 2005

Robot

O firmamento. Os meus olhos fixos nele não me deixam olhar para nada mais. As pessoas cruzam-se comigo pelos corredores das ruas, embatem-se, lutam entre si. Entre elas e eu existe apenas um pequeno espaço de ficção. A mera ilusão das vidas.
Deixo o céu e miro os olhares cruzados. Tento imaginar-me naquela pele, naquele corpo magro ou gordo, a ter aqueles pensamentos inoportunos e sexuais...deixo-me levar pela fantasia e embarco com o vento nas muralhas do olhar.

Viver uma vida de outro alguém. Não é isso que tentamos fazer constantemente? Viver o que não somos, o que não fizemos, o que não temos. Viver segundo o que os outros pretendem que sejamos. Viver perante o que a Sociedade espera de nós. Viver hipocritamente. Não é viver, é sobreviver.

Opto por continuar a olhar para o Paraíso. Sorrindo. Escuto uma melodia qualquer que me faz perder na imaginação outra vez. E sonho com a pureza e honestidade de olhares. Apago da memória o cinismo do dia a dia. Primo o botão delete e esqueço que aqueles olhares inexpressivos são apenas o espelho das máquinas em que nos tornamos.

Sentir...não é permitido ao Robot sentir.

terça-feira, janeiro 04, 2005

“It seems like you give me the thing I was missing in my life...”

Ficou presa ao último instante em que se olharam...do qual esperou mais que um sorriso dele, do qual esperou pela coragem que ela não teve em nenhum outro dia, do qual esperou mais que uma conversa, uma gargalhada, um toque na pele ou um piscar de olho...do qual esperou que ele se prendesse, também, nela...

Uma oportunidade, para sempre, perdida...

“You fil me up with joy, every moment’s a surprise...
You set me free from Babylon, we make me leave this place for miles...
You’re not a ilusion...”