Esta fome.
A barriga geme, desvairada. Gostava de ter a porção mágica para fazer desaparecer esta vontade de comer.
Esta fome. Doida fome.
Fome de te levar à boca e de te mastigar lentamente, sentir-te roçar os dentes, obrigando-me a fazer força para te trincar. E depois, engolir-te. Por inteiro. De uma só vez.
Esta fome, ai esta fome.
E quando chegas lá a baixo, fazes splash e dissolves-te. Tão rapidamente que de novo me encho de fome.
Fome e mais fome. Fome viciante.
Porque afinal não me preenches, porque afinal não me aconchegas o estômago. És apenas um entretenimento ao meu comer. E o meu engordar. Estou gorda de ti. Porque, apesar de te dissipares, vais te espalhando por zonas do meu corpo não tão visíveis como isso. Peso-me de partículas tuas. E odeio-me por ainda estares dentro de mim. A fazer peso. A fazer a diferença. E se não te comer, hoje? Tenho fome, mas não te quero comer.
Hoje nego-te. Negando-me a mim...