domingo, março 27, 2005

Caminhar

De Segunda, dia 28 de Março....à outra Segunda, dia 4 de Abril:
A percorrer [a pé!] o caminho português até Santiago de Compostela, 120 km de coragem, fé, vontade e aventura!...com trovoada e chuva torrencial, no meio do mato, enterrando-me na lama...mas tenho a certeza de que valerá a pena!

Até à vista...



P.S Parabéns César! (dia 28 de Março...)

domingo, março 20, 2005

Bolas de Sabão

Uma criança senta-se no chão [despreocupada...]. A calçada silenciada escuta com atenção o que a inocente criança canta com os acordes da Alma.

A única brincadeira que ela conhece é aquela que lhe traz o Sonho e a Utopia que ainda não sabe verbalizar.

Então, lança a primeira, compõe a segunda e aguarda pela terceira...[as suas bolinhas de sabão!]. Observa-as, anestesiada, voando pelo céu infinito; não as guarda nem as reprime: solta-as alegremente.

As suas bolinhas de sabão: os seus sonhos e a sua fé, os seus objectivos e a sua vontade, os seus desejos e a sua luta...deixa que elas naufraguem no céu azul porque a sua inocência lhe sussura que só assim elas se realizarão...

[escrito para a Joana,a propósito dos seus anos]



Lança as tuas bolinhas de sabão como esta criança e faz do Céu azul o teu único limite.

ÉS LIVRE!

quarta-feira, março 09, 2005

Até as Putas são tristes...

Os sapatos ecoam no silêncio ensurdecedor da noite escura, como badalos de sinos das Igrejas antigas situadas numa Aldeia esquecida, toc toc, vão compondo uma ode esplêndida, floreada de passos elegantes e delgados. Espadaudos, até.

Toc toc. As saias curtas e os corpos disformes disfarçam-se com as aparências das sombras, ninguém vê nem ninguém repara, à noite tudo é semelhante.

Estas que caminham pela passerelle da cidade são pagas. Recebem para entregarem ao outro o seu corpo e. tantas vezes. a sua alma (o tesouro mais escondido...). São remuneradas ilegalmente e o único trabalho que conhecem tão bem é o de serem escravizadas sexualmente. Mas gostam (ou não têm alternativa?).

Os sapatos pesam, cansam, são reflexo de uma noite estafada, produtiva. Caminham para casa agora, toc toc, qual casa, qual vida esta?, foram estes sapatos que mil vezes elas se esqueceram de tirar tal era a pressa do patrão para pagar ao corpo que se esperneava defronte dele.

Uns procuram desesperadamente a satisfação do desejo...outros, recusam sequer pensar que satisfazem o desejo. Impressionante. Até as putas são tristes!...