Era bom que tanto calor deretesse esse iceberg erguido entre nós;
E sonhei eu contigo, que me dizias como era bom estar abraçado e acolhido nos meus braços, que sentias saudades da minha mão suave passear pela tua. E depois, tal circo que foi este meu sonho, tudo se dissolveu dentro de outro sonho. Afinal, até sonho dentro do meu sonho que poderíamos voltar a ser tais amigos.
Sinto que me fazes falta. Que o meu dia seria mais preenchido se me dissesses olá. Se eu tivesse a oportunidade de te contar como foram as minhas horas sem ti. Se tu partilhasses comigo as tuas dúvidas.
Porque eras o meu pilar que se abateu por um acto de pura ilusão. Porque julguei ser o teu, também.
Se tanto calor derretesse o que ainda sinto por ti.
quinta-feira, julho 13, 2006
domingo, junho 04, 2006
E se não te comer, hoje?
Esta fome.
A barriga geme, desvairada. Gostava de ter a porção mágica para fazer desaparecer esta vontade de comer.
Esta fome. Doida fome.
Fome de te levar à boca e de te mastigar lentamente, sentir-te roçar os dentes, obrigando-me a fazer força para te trincar. E depois, engolir-te. Por inteiro. De uma só vez.
Esta fome, ai esta fome.
E quando chegas lá a baixo, fazes splash e dissolves-te. Tão rapidamente que de novo me encho de fome.
Fome e mais fome. Fome viciante.
Porque afinal não me preenches, porque afinal não me aconchegas o estômago. És apenas um entretenimento ao meu comer. E o meu engordar. Estou gorda de ti. Porque, apesar de te dissipares, vais te espalhando por zonas do meu corpo não tão visíveis como isso. Peso-me de partículas tuas. E odeio-me por ainda estares dentro de mim. A fazer peso. A fazer a diferença. E se não te comer, hoje? Tenho fome, mas não te quero comer.
Hoje nego-te. Negando-me a mim...
A barriga geme, desvairada. Gostava de ter a porção mágica para fazer desaparecer esta vontade de comer.
Esta fome. Doida fome.
Fome de te levar à boca e de te mastigar lentamente, sentir-te roçar os dentes, obrigando-me a fazer força para te trincar. E depois, engolir-te. Por inteiro. De uma só vez.
Esta fome, ai esta fome.
E quando chegas lá a baixo, fazes splash e dissolves-te. Tão rapidamente que de novo me encho de fome.
Fome e mais fome. Fome viciante.
Porque afinal não me preenches, porque afinal não me aconchegas o estômago. És apenas um entretenimento ao meu comer. E o meu engordar. Estou gorda de ti. Porque, apesar de te dissipares, vais te espalhando por zonas do meu corpo não tão visíveis como isso. Peso-me de partículas tuas. E odeio-me por ainda estares dentro de mim. A fazer peso. A fazer a diferença. E se não te comer, hoje? Tenho fome, mas não te quero comer.
Hoje nego-te. Negando-me a mim...
terça-feira, março 28, 2006
Quando me esquecer que existo para ser o ar que tu respiras, é porque me estarão a enterrar na melodia do canário amarelo...
Todas as noites ele tem o mesmo ritual: alcança uma caneta, arranca uma folha de um caderno velho e tenta desenhar-lhe a face, o rosto imaculado. Lembra-se dele perfeitamente, deitado sobre a almofada quente; os olhos cerrados iluminavam sonhos nunca antes vividos nem imaginados, a boca semi aberta proferia monossílabos a um ritmo acelerado.
E ele lembra-se do seu cheiro a dormir, da sua respiração ofegante quando sonhava, lembra-se do que murmurava a meio da noite. Lembra-se do seu rosto que tenta desenhar agora, tantos anos depois de se deixarem.
Não era suposto que ele tivesse esquecido o seu passado? e será que se esquece de verdade? ou apenas se ultrapassa?
Isto foi o que ele fez. Ultrapassou. Ela, contudo, permaneceu sempre lá, alimentando-se da migalha distraída que ele ia dando. E agora que ela deixou de respirar perto dele, e longe dele também, ele tenta desenhá-la para a eternizar.
Sem efeito.
A sua beleza era demais para se transpor para uma folha. A beleza do seu amor por ele, que ele nunca manteve.
Depois de tudo, acompanhado pela melodia do canário do vizinho, ele tenta enterrar o desenho para esquecer que precisa de a respirar.
quinta-feira, fevereiro 23, 2006
I + II
Só porque às vezes é preciso mudar...
http://www.fotolog.com/drecas
...em simultâneo, o I e o II.
Obrigado. E até já.
http://www.fotolog.com/drecas
...em simultâneo, o I e o II.
Obrigado. E até já.
quinta-feira, fevereiro 16, 2006
Fechar as cortinas...
Da janela do meu quarto, eu espero; por ele, tal imaginado, que me venha acolher.
E o céu está azul carregado, nenhuma nuvem para destoar; e as crianças brincam no passeio, andam de bicicleta, atiram uma bola, tudo sob o olhar atento das mães. E os cães, e gatos, e os outros bicharocos, junto às árvores, divertem-se com o seu modo peculiar de comunicar.
E eu, à janela, observo tudo isto e muito mais; mas sempre no compasso da espera...
Porém, hoje, fez chuva e as crianças fugiram para o quente de casa, as mães prepararam-lhes um leite morno, os animais de rua abrigaram-se por debaixo dos parapeitos. Eu fechei as cortinas, deitei-me na cama e não mais precisei de esperar. Pois percebi que nem com a chuva nem com o sol, tu alguma vez virias do céu.
E o céu está azul carregado, nenhuma nuvem para destoar; e as crianças brincam no passeio, andam de bicicleta, atiram uma bola, tudo sob o olhar atento das mães. E os cães, e gatos, e os outros bicharocos, junto às árvores, divertem-se com o seu modo peculiar de comunicar.
E eu, à janela, observo tudo isto e muito mais; mas sempre no compasso da espera...
Porém, hoje, fez chuva e as crianças fugiram para o quente de casa, as mães prepararam-lhes um leite morno, os animais de rua abrigaram-se por debaixo dos parapeitos. Eu fechei as cortinas, deitei-me na cama e não mais precisei de esperar. Pois percebi que nem com a chuva nem com o sol, tu alguma vez virias do céu.
segunda-feira, janeiro 30, 2006
Frio.
Ao fundo da rua, no barulho do estrelato, o seu andar desenha-se desajeitado. Nos sapatos que não são seus, ergue-se vitoriosa; na roupa glamorousa que não é sua, tapa a sua nudez. Apoiada no braço grosso e forte de alguém, ela avança pelas poças de água. Havia chovido à pouco, que tristeza.
Aproxima-se da entrada repleta de fotografos que querem um primeiro plano da sua cara, do seu olhar, da sua expressão. Através do flash das máquinas desejam roubar-lhe a alma e vende-la por uns meios malditos tostões. Mas, no fundo, ela nem se importa. Sim, vende-me a alma e o corpo, reza baixinho, e deixa-me um quanto da pechincha que fizeres...
Ela tem que seguir em frente, avançar pelo meio deles, no meio dos seguranças, baixando o olhar mas olhando pelo canto do olho. E quando entrar naquela casa, ela sabe que lá dentro fará quente; lá dentro será morno; melhor do que cá fora...
De olhos semi-cerrados irrompe decidida. E quando abre os olhos, percebe que está ainda mais frio do que antes. Á sua volta escuro e gelo, os cartões de certo que haviam caído para o lado. E logo outro veio tirá-los para se abrigar. Agora resta-lhe virar-se de lado, aconchegar-se à sua própria pele e esperar que venha de novo o sono, que lhe traga o sonho de ser uma princesa num lugar quente.
E faz zero graus. E até neva. E ela nem um agasalho tem...
Aproxima-se da entrada repleta de fotografos que querem um primeiro plano da sua cara, do seu olhar, da sua expressão. Através do flash das máquinas desejam roubar-lhe a alma e vende-la por uns meios malditos tostões. Mas, no fundo, ela nem se importa. Sim, vende-me a alma e o corpo, reza baixinho, e deixa-me um quanto da pechincha que fizeres...
Ela tem que seguir em frente, avançar pelo meio deles, no meio dos seguranças, baixando o olhar mas olhando pelo canto do olho. E quando entrar naquela casa, ela sabe que lá dentro fará quente; lá dentro será morno; melhor do que cá fora...
De olhos semi-cerrados irrompe decidida. E quando abre os olhos, percebe que está ainda mais frio do que antes. Á sua volta escuro e gelo, os cartões de certo que haviam caído para o lado. E logo outro veio tirá-los para se abrigar. Agora resta-lhe virar-se de lado, aconchegar-se à sua própria pele e esperar que venha de novo o sono, que lhe traga o sonho de ser uma princesa num lugar quente.
E faz zero graus. E até neva. E ela nem um agasalho tem...
quarta-feira, janeiro 18, 2006
Desapareceu : Esperança - Portugal.
A última vez que foi vista já faz uns bons séculos. Vestia-se de cores alegres e enchia-se de sorrisos. Todos eram felizes na sua presença.
Alguns ainda acreditam que poderá voltar e muitos têm fé no dia 22 de Janeiro.
Se é um daqueles que não sabe se acredita ou não, vá votar no Domingo. Se é daqueles que acredita, vote bem. Se não acredita, não seja rezingão e vá às urnas! O voto é um Dever! Votar bem é uma obrigação!
PS.: BE...
A última vez que foi vista já faz uns bons séculos. Vestia-se de cores alegres e enchia-se de sorrisos. Todos eram felizes na sua presença.
Alguns ainda acreditam que poderá voltar e muitos têm fé no dia 22 de Janeiro.
Se é um daqueles que não sabe se acredita ou não, vá votar no Domingo. Se é daqueles que acredita, vote bem. Se não acredita, não seja rezingão e vá às urnas! O voto é um Dever! Votar bem é uma obrigação!
PS.: BE...