Aproxima-se da entrada repleta de fotografos que querem um primeiro plano da sua cara, do seu olhar, da sua expressão. Através do flash das máquinas desejam roubar-lhe a alma e vende-la por uns meios malditos tostões. Mas, no fundo, ela nem se importa. Sim, vende-me a alma e o corpo, reza baixinho, e deixa-me um quanto da pechincha que fizeres...
Ela tem que seguir em frente, avançar pelo meio deles, no meio dos seguranças, baixando o olhar mas olhando pelo canto do olho. E quando entrar naquela casa, ela sabe que lá dentro fará quente; lá dentro será morno; melhor do que cá fora...
De olhos semi-cerrados irrompe decidida. E quando abre os olhos, percebe que está ainda mais frio do que antes. Á sua volta escuro e gelo, os cartões de certo que haviam caído para o lado. E logo outro veio tirá-los para se abrigar. Agora resta-lhe virar-se de lado, aconchegar-se à sua própria pele e esperar que venha de novo o sono, que lhe traga o sonho de ser uma princesa num lugar quente.
E faz zero graus. E até neva. E ela nem um agasalho tem...