Já as minhas pernas, soltas, evadem-se de tamanha ousadia: ora, tanto calor, sol e praia, seca e castanhos e laranjas, ora o cinzento, preto, talvez violeta na procura do arco-íris...Que ousadia da chuva reservar algum espaço nas minhas pernas! Então, estas refundem-se, envergonhadas, na saia comprida, rastejante. Todo o meu corpo segue o exemplo, embrulhando-se com os retalhos que existem; apenas a cara se mostra, se insinua...e se deixa molhar.
Como sabe bem esta chuva glacial e serena escorregar, tal conta gotas, pelo meu rosto pálido e gelado. Desmanchando a maquilhagem, a máscara frutífera da hipocrisia, despertando os sentidos, os cinco ou, quiçá, os seis, encharcando a pele ressequida do tempo árido...tanto...tão pouco!
Raios!!! Que saudade tinha eu da chuva…
P.S.: Ao meu querido Hugo, tão fiel e critico leitor...obrigado!