O vinho branco sobre a mesa. Um trago determinado, sem dúvidas nem incertezas, fixado num olhar permanentemente apaixonado. Cantarolar alguma coisa ao sabor do jantar, sonhar e viajar embriagada contigo, numa rota desenhada a lápis de cera colorido.
Pegas na minha mão sem pensar duas vezes se fugir será a opção mais coerente; corres e transportas-me para outra dimensão. Já não sinto a tua mão. Os corpos flutuam os dois pelo tempo na procura de um equilíbrio onde assentar o olhar. Encontro-te em mim, como se o teu Eu se se tivesse desintegrado totalmente no meu ser.
E mais um trago desse vinho meio seco. Os olhos tendem a fechar, talvez cansados de espelhar gargalhadas e risos. Agora só procuram o repouso de uma noite em que os meus braços são continuação dos teus e as nossas cabeças tombam e os nossos corpos se unem como elos de um colar de pérolas infinito.
E vamos os dois, pela (e na) garrafa de vinho, dormir sossegados, um no outro...como se não houvesse mais amanhã nem mais vinho nem mais «nós»...como se nos tornássemos total e infinitamente embriagados um do (no) outro!