terça-feira, novembro 23, 2004

A simplicidade da Borboleta

Antes tudo era p� e terra, escravid�o e pobreza. E eu era uma larva: pequena, fraca, indefesa. Protegida por uma camada viscosa que largava por todos os caminhos, era feia e nojenta, temiam-me pelo meu aspecto repugnante e pela minha pequenez de alma. A minha gordura desajeitada fazia de mim uma perda de tempo e de esperan�a...era toda eu uma desorganiza��o corporal e espiritual.

At� um dia! At� que um �nico raio de sol se atreveu a tocar-me o corpo e Ele gritou em mim aquele sil�ncio indesejado, a mudez da verdade, a liberdade da vida. Cresceu em mim o desejo de partir s� por ir, para conhecer e descobrir todo um mundo diferente daquele subterraneo onde vivia. Ele chamava me com F� e, sem medo de perder nada e de muito menos ganhar, arrastei o meu corpo pegajoso pela terra que me ia engolindo.

Mas nasceu a terapia Dele. A F�. A Cren�a. O Acreditar. E do meu corpo sairam duas asas tr�mulas que se formavam lentamente. Desenhava-me na perfei��o de um pintor abstracto que aplica tintas de paix�o.

A cor castanha envolveu a pintura, dois pequenos c�rculos laranja estamparam-se na cor terrena. As minhas asas eram perfeitas e toda eu iniciava a metamorfose do corpo mas, principalmente, do Esp�rito. Um misto de alegria como de admira��o fez com que eu, antes simples larva, libertasse uma pequena l�grima. E no espelho da aguadilha vi o meu reflexo: era bela, forte, podia voar quando quisesse.

E n�o perdi tempo. Ergui as asas a medo e soltei-me para a vida, mergulhei na liberdade de Ser e Poder. Voei. Descobri o mundo num segundo. E assaltou-me um pensamento: antes de O conhecer era um larva feia, pobre, triste. Agora sou uma borboleta linda que cruza ventos e trovoadas sem temer.

Eu sou Borboleta...e tu, ainda �s larva?



[Escrito a 14 de novembro...]

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