quarta-feira, maio 11, 2005

Na morte...



É um canto. Um rectângulo. Melhor, um espaço minúsculo, tão minúsculo que estou dobrada sobre mim própria. E sim, é um canto ou um rectângulo onde, por dentro do som daquela flauta transversal que toca na rádio, eu abafo as minhas lágrimas. Ou lâminas. Tanto faz. Ambas cortam. Corto-me. O sangue jorra como fonte de borboletas livres. E sou feliz. Sem ti. Não vês? Eu, no canto, a ser feliz.

E entras no jogo maquiavélico que belzebu preparou para nós na ceia do amor. Não entres...eu não saio daqui.

A tua fotografia espera-me todos os dias, deitada ao lado da minha almofada. Está dobrada., malfadada de tanta promessa que deflagrou sobre ela. Tanto choro e dor. Tanto desespero.
Quantas vezes, meu amor, quantas vezes eu me encostei nela e senti o teu cheiro, beijei a tua boca, arrepiei-me com as tuas mãos…quantas vezes...

E agora, estou aqui. À beira da morte. A escrever para ti o que nunca te disse. Que fui feliz. Que sou feliz. Mesmo que não estejas comigo, ver-te feliz sempre mo fez também.

Um último suspiro. De saudade, de tristeza, de recordação pelo que fomos e pelo que fui. Um último sorriso. De agradecimento, de paixão, de loucura. Um último...naufrágio em ti.

3 comentários:

A Gerência disse...

Não há melhor "coisa" pelo que morrer..

nocturnidade disse...

belo rectãngulo de silêncio.

Catarina disse...

Fiquei com lágrimas nos olhos...essa dor que trazes contigo é um fardo pesado...custa muito carregá-lo...
Por vezes temos de ser tão fortes que até assusta...mas se precisares de alguém para te ajudar a carregar essa dor, nem que seja a desabafar, sabes que eu estou aqui...
Força............