Porque voltaste?, perguntei-lhe...entre um beijo e outro, ele olha para mim, penetra-me com o olhar mais vago que alguma vez conheci. Tento decifrar-lhe as letras que lhe aparecem na face, ler-lhe os pensamentos, descortinar sentimentos, chegar-lhe ao mais ínfimo nervo do seu sistema; mas é como que uma cortina de ferro, erguida até ao céu, a qual não consigo transpor por mais flexível que seja.
Porque voltaste?, perguntei-lhe. Sorri-lhe, para desbravar o caminho da cumplicidade e dedicação, para se sentir em casa, em minha casa: dentro de mim. Mas nem isso o fez demover daquele silêncio que, conjugado com a chuva lá fora e com as nossas respirações, obrigaram-me a gritar a mudez que ele me impõe.
Não sei porque voltaste, disse-lhe, finalmente. E ele permaneceu, olhou para mim, anuiu. E, depois, ficámos por ali.
2 comentários:
Tão bonito. *
belíssimos os textos!!!
parabéns!!
Enviar um comentário