quarta-feira, dezembro 09, 2009

bolha de ar

é como se me encontrasse numa bolha de ar, que vagueia pelo céu, desnorteada, sem grande precisão, sem encontrar o lugar certo onde rebentar.

ando em bolha de ar, na esperança de encontrar o momento certo para ser. procuro a liberdade de deixar a bolha que me protege mas que também me inibe. procuro o minuto exacto para deixar de ser a bolha e passar a ser o próprio ar.

por minutos, há a ilusão de o ser; dentro da bolha também há o ar. no entanto, a imensidão que busco e que se quer saudável é confinada a essa bolha de ar, que vagueia pelo céu, desnorteada.

sou bolha de ar e canso-me da condição. apetecia-me apenas ter uma agulha para espetar na superfície alienada da bolha e apenas ouvir um «pfiu», que significaria essa minha exaltação do ser.

a bolha de ar aborrece-me. deixa-me sem sabor, perpetra-me a impossibilidade de apimentar a minha vida. a bolha de ar aprisiona-me em mim mesma. nela respiro-me.

tudo seria mais fácil se aceitasse ser bolha de ar. ou se, pelo contrário, tivesse a coragem de me derrotar. tivesse a amabilidade de me permitir.

tudo seria mais fácil se não fosse difícil.


quarta-feira, maio 20, 2009

Não posso desculpar-me.

Desculpa-me. É o que me apetece dizer-te vezes sem conta; desculpa não ser a perfeição, desculpa não ter em atenção todas as minhas formas que te agonizam, desculpa não ter conversa fiada e interessante, não ser todos os dias lufadas de ar fresco, não me apresentar diferente mas única em todas as vezes que estamos. Desculpa se me esqueço que te esqueces, se exijo que exijas, se preciso que precises. Desculpa se peço tantas vezes desculpa; se calhar, não devo fazê-lo, para bem de todos. Não posso desculpar-me mais pelo que sou, pelo que faço, pelo que digo, pelo que não digo. É pegar ou largar, como diz a canção. Eu sou assim. Um círculo vicioso de vai e não vai, de querer e não querer, de pedir e não pedir, de ser e não ser. Eu sou mesmo assim...

Aceitas-me?