sábado, outubro 23, 2004

Um raio de sol toca-me a pele suavemente. Os olhos abrem-se de forma arrastada e dizem-me que nada esperam para al�m de um quarto matinal que cheira a terra molhada da chuva da noite anterior. Ergo o corpo e o sol entra pela janela encandeando-me com a sua grandiosidade.

Salto da cama e abro as janelas. Respiro fundo, inalo aquela ess�ncia t�o caracter�stica das horas matinais e o Sol sorri. Sorri de t�o belo que �.
O C�u azul-celeste n�o se assemelha em nada com a noite passada. As nuvens. As gotas agressivas que embatiam no chap�u-de-chuva. As �rvores vitimas da f�ria do vento. Uma queda de �gua, um lago de raiva. E hoje, uma manh� t�o solarenga, quente e sumptuosa.

Sabe bem.

Depois de um Inverno, sorrir para uma Primavera t�o deleitosa.

E foi isto que me ocorreu: galguei a janela e voei com o Sol. Mergulhei no azul do firmamento e flutuei sobre a brisa imponder�vel que me enla�ava. Presentemente sou livre e corro pelas nuvens, pequenos peda�os de algod�o doce. E nenhum aguaceiro me vai derrubar. Muitos outros vir�o, de certo. Mas mais vero ainda � o arco-�ris cintilante de esperan�a que se ir� fundar atr�s do horizonte e o Sol que, na manh� seguinte, me visitar� sempre para me amar.

Acredito. Sou.


quarta-feira, outubro 20, 2004

Acho que � saudade aquilo que sinto por ti. Hoje. Essencialmente, hoje. Mais que em qualquer outro dia.
Uma l�grima que ca�, desprevenida, e mais um aperto no cora��o, daqueles t�o fortes que at� cortam a respira��o.
Controlar. Para qu�? Para quem?
Em dias assim...os meus dias n�o...dias em que estou contigo e estou sem ti.



"It's been so lonely without you here
Like a bird without a song
Nothing can stop these lonely tears from falling
Tell me baby where did I go wrong
I could put my arms around every boy I see
But they'd only remind me of you
(...)
`Cause nothing compares
Nothing compares to you..."
Sinned o'Conner



segunda-feira, outubro 18, 2004

N�o conhe�o. Divulgo, expando, permane�o. N�o conhe�o. Nem esta rua, nem t�o pouco aquele caf�. N�o faz parte de mim, n�o perten�o ao Mundo, pelo menos a este que aqui se apresenta.

N�o conhe�o. N�o sei andar por estas ruas, perco-me a cada esquina, palmilho com medo a cal�ada e escorrego sempre que ela se apercebe-me que sobre a sua pele caminha um desconhecido.

N�o conhe�o. Sei que sou daqui, que vivo ali, mas n�o vivo, apenas moro. Sobrevivo. N�o fa�o parte daquela casa, das paredes que a erguem. N�o as conhe�o, nunca lhes falei.

Esqueci-me ou perdi-me nas fantasias.

N�o conhe�o, n�o me obriguem a repetir. N�o me lembro e admito-o. Se soubessem o quanto � dificil ter a no��o de se ter perdido toda a no��o. Saber, antecipadamente, que me vou esquecer de tudo o que um dia conheci. Mas que n�o conhe�o mais.

E esse para�so desenha-se a l�pis por um pintor famoso, cego de sentimentos, frio como a pedra na qual hoje me sento e reflicto. N�o a conhe�o. Nem a mim j� me conhe�o.

Perdi-me no para�so do esquecimento e daqui n�o saio. N�o por n�o conseguir, mas sim por n�o querer. Porque n�o conhe�o e assim sinto-me feliz...por n�o conhecer.



quinta-feira, outubro 14, 2004

� noite ainda, est� frio l� fora e poucas [quase nenhuma] pessoas vagueam pelas ruas.
A cama ainda est� quente do meu corpo, a banheira espera-me, o fresco do dia come�a as 6.30 da manh�.
Tenho um minuto. Venho falar-te. Venho dizer-te baixinho que agora podes voar porque eu...j� estou a aplanar sobre uma bel�ssima praia que amanhece.

Bom dia!

segunda-feira, outubro 11, 2004

E ao ver tudo o que n�s fomos e tudo o que ambos fizemos passar ao lado do teu olhar, sem lhe tocar, percebo enfim como estou sozinha nesta batalha...e se assim �...Talvez diga apenas...

Adeus...



E talvez me liberte de vez...mais uma vez...

quarta-feira, outubro 06, 2004

Procuro-te na esperan�a de encontrar o teu sorriso mas embato contra a seriedade da tua face e a� sim percebo como tudo j� acabou [nada resta, nem a amizade...].

Resisto em n�o chorar mas frente ao espelho os olhos padecem de si e as l�grimas rebentam n�o para tu as veres [porque nunca mais me ver�s a chorar] mas simplesmente para eu perceber que agora sou s� eu e tu com outra, talvez, quem sabe. E terei de ver. E verei. E sorrirei para ambos, cinicamente.



E ser�s feliz e eu tamb�m, um dia.

sexta-feira, outubro 01, 2004

Caminhas sem olhar em nenhuma direc��o, de olhos fixos na terra que pisas e de bra�os cruzados desenhas na diagonal o teu rasto, de certo para n�o te reconhecerem as pegadas os investigadores que mais tarde retratar�o a nossa humanidade.

Os olhos tremem-te de nervosismo, tens medo que os que se escondem debaixo da tua cama, os teus piores pesadelos, te estejam a perseguir, escondidos nas faces de outras pessoas desconhecidas e que, sem aviso, saltem para cima de ti e te assustem at� � morte.
N�o olhas, por isso.

As alucina��es s�o crescentes e temes ficar sozinho. Mas o maior medo � a vergonha de falares sobre o que ouves, de confessares que v�s algu�m, que v�s esse algu�m como muitos outros. Que n�o s�o invis�veis e te dizem que s� n�o te tocam porque detestam intimidades com os c� de baixo.

Ainda n�o contaste a ningu�m, nem � tua pr�pria m�e que tanto amas, que escondes por baixo da tua cama os fantasmas de uma outra civiliza��o. E que tens que conviver com eles todas as noites. E que recebes amea�as de morte se contares nem que seja a um insecto.

E tremes. Suas. Carregas dentro de ti este fardo.

Mas n�o te preocupes. Continua a caminhar...um dia encontrar�s algu�m que te vir� salvar dessa doen�a com a qual n�o sabes lidar. E num futuro pr�ximo, muito pr�ximo, todos os invasores do teu quarto sair�o em marcha lenta e, na despedida, ir�o agradecer a tua am�vel estadia.

Fala comigo...