sexta-feira, outubro 01, 2004

Caminhas sem olhar em nenhuma direc��o, de olhos fixos na terra que pisas e de bra�os cruzados desenhas na diagonal o teu rasto, de certo para n�o te reconhecerem as pegadas os investigadores que mais tarde retratar�o a nossa humanidade.

Os olhos tremem-te de nervosismo, tens medo que os que se escondem debaixo da tua cama, os teus piores pesadelos, te estejam a perseguir, escondidos nas faces de outras pessoas desconhecidas e que, sem aviso, saltem para cima de ti e te assustem at� � morte.
N�o olhas, por isso.

As alucina��es s�o crescentes e temes ficar sozinho. Mas o maior medo � a vergonha de falares sobre o que ouves, de confessares que v�s algu�m, que v�s esse algu�m como muitos outros. Que n�o s�o invis�veis e te dizem que s� n�o te tocam porque detestam intimidades com os c� de baixo.

Ainda n�o contaste a ningu�m, nem � tua pr�pria m�e que tanto amas, que escondes por baixo da tua cama os fantasmas de uma outra civiliza��o. E que tens que conviver com eles todas as noites. E que recebes amea�as de morte se contares nem que seja a um insecto.

E tremes. Suas. Carregas dentro de ti este fardo.

Mas n�o te preocupes. Continua a caminhar...um dia encontrar�s algu�m que te vir� salvar dessa doen�a com a qual n�o sabes lidar. E num futuro pr�ximo, muito pr�ximo, todos os invasores do teu quarto sair�o em marcha lenta e, na despedida, ir�o agradecer a tua am�vel estadia.

Fala comigo...


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