Imagino-te a caminhar numa rua orlada de eucaliptos e castanheiros, cujas folhas reluzem o seu verde com o bater do Sol magnífico e esplendoroso que sentes na pele...o teu aspecto torna-se sadio e a tua pele cor de pêssego.
Encontras-te com as pessoas que mais amas e que já partiram um dia no comboio para a outra Vida. Sorris e contas como se passou, o que sentiste; tens grande necessidade de partilhar com Eles o que a nós não podes dizer. E dizes que estás bem, feliz, em paz, que o que te preocupa somos nós, a nossa tristeza térrea, de cor de barro, baça como um vidro de um carro em noites friorentas. Preocupa-te o nosso olhar baldio, a nossa cor fuscia, o nosso pensamento perdido. Mas que sabes que, dia menos dia, nós compreenderemos a tua partida e a aceitaremos com calma e serenidade, admitindo, fora de egoísmos, que assim fora melhor.
É assim que te afiguro depois de morta, feliz e sem dor, sem tristeza, desespero, sem suplicar uma última ajuda [como fizeste antes de entrares no elevador...sabias tu bem que seria a tua última tentativa de sobrevivência...].
Deus está contigo e te encaminhará para uma nova missão, minha prima; porque a tua aqui, na Terra, desta vez, foi cumprida: passaste uma mensagem de força, luta, coragem, persistência, bondade e amor! E eu recebi-a com plenitude...eu e tantos outros que te rodearam e que nunca abandonaste. Durante quatro anos tentaste vencer um cancro que te foi matando aos poucos, espalhando-se e alojando-se em quase todos os teus órgãos...este maldito bicho papão pode ter vencido a batalha, minha querida, levando-te para fora deste espaço terreno, mas não venceu a guerra! Quem a venceu foste tu, com as tuas lições e com o que deste a nós que cá ficamos.
Muito obrigado por teres feito parte da minha infância, adolescência e recentemente da minha vida adulta e madura. Obrigado pelos abraços nos aniversários, pelos sorrisos no Natal, pelos ovos da Páscoa, pelos embrulhos recheados de surpresas, pelas gargalhadas e pelos beliscões, pelos desabafos e choros, alegrias e tristezas...obrigado por me teres deixado aprender contigo.
Vive em Paz, agora, que bem mereces, Quina...Um beijo de eterna saudade, de eterno agradecimento, de eterno amor...
Um grande Até Já….
3 comentários:
"Lembrar é fácil para quem tem memória, difícil é esquecer para quem tem coração... O tempo passa desde que partiste, mas a tua memória para sempre persiste..."
Ainda por aqui.
Cada vez mais fico certa que não parei aqui por acaso. Acabei de perder um irmão num acidente de moto. Dor e saudades estão aqui aos berros em meu coração. Se fosse escrever pra ele agora, usaria suas palavras, com lincença da autora.
Muito bom seu texto, gostoso, fácil de ler...Prende o leitor e isso é td que um escritor precisa depois de uma caneta ou um teclado.
Bjus de novo!
Em tempo: Se me permite, divido com vc essa dor.
Meus sentimentos sempre.
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