domingo, agosto 21, 2005

Pr'a onde vai você quando a noite cai?...

Imagino-te a caminhar numa rua orlada de eucaliptos e castanheiros, cujas folhas reluzem o seu verde com o bater do Sol magnífico e esplendoroso que sentes na pele...o teu aspecto torna-se sadio e a tua pele cor de pêssego.

Encontras-te com as pessoas que mais amas e que já partiram um dia no comboio para a outra Vida. Sorris e contas como se passou, o que sentiste; tens grande necessidade de partilhar com Eles o que a nós não podes dizer. E dizes que estás bem, feliz, em paz, que o que te preocupa somos nós, a nossa tristeza térrea, de cor de barro, baça como um vidro de um carro em noites friorentas. Preocupa-te o nosso olhar baldio, a nossa cor fuscia, o nosso pensamento perdido. Mas que sabes que, dia menos dia, nós compreenderemos a tua partida e a aceitaremos com calma e serenidade, admitindo, fora de egoísmos, que assim fora melhor.



É assim que te afiguro depois de morta, feliz e sem dor, sem tristeza, desespero, sem suplicar uma última ajuda [como fizeste antes de entrares no elevador...sabias tu bem que seria a tua última tentativa de sobrevivência...].

Deus está contigo e te encaminhará para uma nova missão, minha prima; porque a tua aqui, na Terra, desta vez, foi cumprida: passaste uma mensagem de força, luta, coragem, persistência, bondade e amor! E eu recebi-a com plenitude...eu e tantos outros que te rodearam e que nunca abandonaste. Durante quatro anos tentaste vencer um cancro que te foi matando aos poucos, espalhando-se e alojando-se em quase todos os teus órgãos...este maldito bicho papão pode ter vencido a batalha, minha querida, levando-te para fora deste espaço terreno, mas não venceu a guerra! Quem a venceu foste tu, com as tuas lições e com o que deste a nós que cá ficamos.

Muito obrigado por teres feito parte da minha infância, adolescência e recentemente da minha vida adulta e madura. Obrigado pelos abraços nos aniversários, pelos sorrisos no Natal, pelos ovos da Páscoa, pelos embrulhos recheados de surpresas, pelas gargalhadas e pelos beliscões, pelos desabafos e choros, alegrias e tristezas...obrigado por me teres deixado aprender contigo.

Vive em Paz, agora, que bem mereces, Quina...Um beijo de eterna saudade, de eterno agradecimento, de eterno amor...

Um grande Até Já….

3 comentários:

NickyBlue disse...

"Lembrar é fácil para quem tem memória, difícil é esquecer para quem tem coração... O tempo passa desde que partiste, mas a tua memória para sempre persiste..."

Dilean de Bragança disse...

Ainda por aqui.
Cada vez mais fico certa que não parei aqui por acaso. Acabei de perder um irmão num acidente de moto. Dor e saudades estão aqui aos berros em meu coração. Se fosse escrever pra ele agora, usaria suas palavras, com lincença da autora.
Muito bom seu texto, gostoso, fácil de ler...Prende o leitor e isso é td que um escritor precisa depois de uma caneta ou um teclado.
Bjus de novo!

Dilean de Bragança disse...

Em tempo: Se me permite, divido com vc essa dor.
Meus sentimentos sempre.